Galeria Adriana Varejão
A Galeria Adriana Varejão, inaugurada em março de 2008, é um espaço concebido para receber as obras da artista, que participou da conceituação do projeto arquitetônico. O edifício, de autoria do arquiteto paulistano Rodrigo Cerviño Lopez, tem 477m² e cria um percurso que começa num caminho por entre um espelho d'água e, depois do primeiro pavimento, culmina numa grande praça elevada. Através desse terraço, uma ponte serve de acesso a uma área de expansão de Inhotim, a área do novo lago.
Iniciando o percurso, está Panacea phantastica, um conjunto de azulejos que tem retratados 50 tipos de plantas alucinógenas de diversas partes do mundo. Concebida como um múltiplo que pode se adaptar a qualquer arquitetura, a obra aqui se transformou num banco na entrada do pavilhão, um espaço de contemplação e convívio. Num dos azulejos, um texto sugere a relação entre os efeitos alucinógenos das plantas e mudanças na percepção que podem ser provocadas também pela arte.
Linda do Rosário (2004)
Nos trabalhos recentes, a artista desenvolve ambientes virtuais geometrizados que remetem a açougues, botequins, saunas, piscinas e banheiros, em que retoma questões intrínsecas à pintura como profundidade, espaço e cor. Através da releitura de elementos visuais incorporados à cultura brasileira pela colonização, como a pintura de azulejos portugueses, ou a referência à crueza e agressividade da matéria nos trabalhos com “carne”, a artista discute relações paradoxais entre sensualidade e dor, violência e exuberância. No seu trabalho, difícil de classificar disciplinarmente, a carne, o sangue e, sobretudo a pele enquanto lugar que une ou divide interior e exterior, revelado e oculto, ganham com freqüência uma condição metafórica ou transformam-se em imagem forte de uma cultura que traz a violência e o sacrifício inscritos na matriz.
Talvez por isso, o seu horizonte estético seja o de uma beleza sanguínea, capaz de sobrepor erotismo, sublime e morte que, em vez de se apresentarem como elementos contraditórios, se tornam interdependentes. Existem rumores de historias que inspiraram a artista no feitio da obra Linda do Rosário, como o desabamento de um bordel numa favela onde um casal fazia amor, e a posterior mistura de carne e paredes.
Celacanto Provoca Maremoto (2004-2008)
Carnívoras (2008)
Passarinhos – de Inhotim a Demini (2003-2008)
A galeria termina no terraço: uma rampa-corredor em forma de “L” conduz à uma nova ascensão. Esta passagem quase ritualística dá no terraço com vista impressionante de Inhotim, onde se tem uma visão do alto de todo o espaço do museu.
Com vocação natural para mirante, percebe-se como as obras e as galerias se integram à paisagem, tornam-se invisíveis pois não se vê nada além de verde.
Neste terraço-mirante, um banco de azulejos em forma de “U” traz uma coleção de desenhos de uma centena de pássaros a partir de pesquisa e vivência de Adriana em uma tribo Yanomani.
Porém, nesse ponto, há um conflito entre a arte e a arquitetura no local, sendo que a função de mirante não é totalmente cumprida, uma vez que o banco impede que se chegue até a extremidade onde seria possível ver o espelho d'água que compõe a entrada da galeria.
Croqui da entrada da galeria
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